O impasse das ranqueadas

willian
2 min readDec 30, 2023

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Não gosto de metas, mas, em novembro, decidi que junto do ano de 2024 minha medalha Arconte chegaria. Sou um Guardião com alma de Divine. Todos sabem que é o meu destino subir minha graduação.

Tenho quase 2500 partidas. A maioria dos meus dez anos jogando foram fora do sistema de ranks. Gosto muito do joguinho, só que não tenho coragem de jogar à vera. Falo que MMR é só um número, porém não consigo terminar uma partida com o emocional estável.

Depois que um jogo termina, vejo as estatísticas em dois sites diferentes. Confiro as builds de todo o meu time. Se for preciso, vejo até vejo o replay. É grande a curiosidade de ter certeza que todos os movimentos que fiz foram corretos e, ainda, descobrir um aliado para pôr a culpa da derrota. No Dota é mais importante estar certo do que ganhar.

Ser xingado é desagradável, mas é consequência de um ambiente competitivo e complexo. A visão de jogo de uma pessoa difere muito pra outra, e numa situação de pressão, a conciliação não é a prioridade. Então, minha insistência inútil de tentar convencer meu sniper a ir farmar pode, muitas vezes, soar atravessado. Principalmente quando a frase é dita com algumas palavras desnecessárias.

A partir do momento que você tem que mutar seu time a casa já caiu; a derrota é certa. Quarenta pontos a mais na métrica de ruindade machucam, mas o problema maior é a frustração depois de uma partida ruim. Era só todo mundo me ouvir.

Três dias atrás, joguei de clockwerk. Destruí. Nunca tudo funcionou tanto. Do início ao fim o time fluiu. A lane, nós ganhamos. Minhas rotações conectaram. Meus carrys ficaram ricos e a vitória veio. Desde então, o mundo do Dota é mágico.

Naquele jogo, não errei um hook; o time fez o roshan na hora certa; não houve necessidade de clarificar para meu offlaner o quanto ele era ruim. Trinta e seis minutos de ballet. Parecia coreografado. Fui irretocável. Não teve toxicidade, lag, nem piedade. Éramos o Manchester City, e o adversário, o Fluminense. Atropelamos.

Foi a atuação do ano: eficiente, impactante e inspiradora. Já podem me entregar os MVPs, os títulos e a glória dos campeões. Yatoro que se foda, o The International já é meu e não preciso nem mais abrir o jogo.

A medalha, no entanto, ficará para outro momento.

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